terça-feira, 20 de outubro de 2009

Na corda bomba

O meu pai recebe-me sempre com duas palmadinhas nas costas depois de lhe responder que não, não tenho namorada. Sinto esses toques como uma mensagem de apoio, talvez de uma compreensão muda que pretende sublinhar a ideia de que faço bem em seguir só, que não me faz falta uma mulher que tivesse ele a minha idade e sózinho teria continuado também, sem responsabilidades, sem chatices, sem compromisso, mas com sexo. Com mais sexo do que o que a si chega hoje em dia e que, creio, desejaria que mais fosse.
Parecer-lhe-à que é uma permuta justa, que uma lacuna compensa o outro preenchimento. Não para mim, tenho a certeza que está enganado e procuro compensá-lo com duas palmadinhas também como que a responder às suas e a dizer não, pai, acredita que não é assim tão justa a troca.
E entendemo-nos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Despedidas de solteiro

Esta noite talvez tenha bebido muito para lá do que seria normal a um humano (à excepção de um siberiano talvez). Andei por ruas que conheço desde miúdo como se fossem novos trajectos nunca antes vistos, contemplei o céu como se ele não lá estivesse desde sempre e a pensar que das coisas infinitas o homem tem capacidade de muito poucas. Somos afinal tão efémeros, temos um prazo tão curto e mesmo antes de terminarmos vamos já tão podres... acordei com uma dor de cabeça e a reparar que a rua afinal é a que sempre foi, sem estacionamento possível, sem roupa nos estendais ou monovolumes. É uma rua estéril, tem nome de sorrisos mas só proporciona tristezas. E mais uma vez acordei amparado por um tecto seu, não faço ideia quem me trouxe, acho que vim de táxi e não sei do telemóvel. Tenho uma imagem retida na cabeça, o padrinho do noivo a lamber caramelo das mamas da stripper, uma portuguesa a terminar um curso de gestão que ou muito me engano foi para casa com o guloso do grupo. Pode ser que lhe faça um desconto na despedida de solteiro dele que se casa daqui a menos de três meses.
Enfim.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Boquiaberto

Parece mentira... mas é verdade. Anda aí uma descriminação sexual num certo tipo de blogues em que só são aceites comentários femininos. As repressões do indivíduo são uma coisa chata.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ocas

Em espanhol "oca" significa ganso, pato selvagem ou algo que o valha, em português significa vazio, sem recheio. Hoje vi num blogue mulheres a comentarem entre si a satisfação quando percebem que a actual namorada dos seus ex-relacionamentos é feia e dei comigo a pensar que não entendem que há homens que valorizam muito a seu lado uma mulher a sério e não uma aguarela que perde as cores com desmaquilhante e acetona. Deixei o meu comentário e espero que sirva de alerta para que acordem e percebam que apenas entre si próprias valem essas guerrilhas de malas e sapatos ou de cabelos e mamas. A mim interessa-me durante os primeiros cinco minutos. Depois, ou há recheio e bem elaborado e consistente ou então desempatem a fila que este tipo de substância de que são feitas tende a cheirar mal sob o sol abrasador.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sem palavras era melhor

"Después de la tormenta siempre llega la calma pero sé que después de ti no hay nada"- Alejandro Sanz.


Gostava que de todas as vezes que ouço música sem prestar a mínima atenção para o que a letra diz isso se convertesse numa espécie de bónus que me permitisse não entender a mensagem de outras músicas que tenho o azar de ouvir.