terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Taxa de câmbio

Pediu-me um perfume de presente. Dei.
Pedi-lhe uma noite a três com uma amiga dela belga que está cá de férias e que por acaso se fez a mim. Recusou. Para a próxima respondo o que ela quer ouvir, uma camisola ou uma almofada vermelha que viu não sei onde e que ficava bem no sofá.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O que olho, o que vejo

A procissão seguia, de onde me encontrava distinguia rostos mas não expressões, tal como a tua face que ao longo destes anos se tem desvanecido, passou de humana a uma imagem quase sacra daquelas figuras nas capelas mais antigas, uns lábios finos sem grande polpa, uns olhos grandes fixos numa convicção e uma tez pálida, vítrea, sem rubores que podiam ser emprestados por um sangue viciado em emoções. Sentia-me cansado, não porque caminhasse, permanecia parado, mas o burburinho e as orações em redor eram por si só suficientes para separar as pontas da já de si frágil corda que resistia em unir a minha integridade ao mundo dos vivos, sentia-me capaz de num suspiro mais convicto embarcar com a velha senhora para cheirar a brisa do outro lado do rio, prometesse-me ela uma ausência de multidão. Uns quantos desmaios, mãos em aceno, lenços brancos e velas, velas para saudar o senhor. Por momentos doeram-me palmas de mãos, peitos de pés, enfraqueceram-se-me joelhos, não ficou gota de suor retida sob a pele, saí de mim e a mim voltei sem que o corpo tivesse seguido a lado algum, caí de três andares e o solo soube-me bem, tinha uns cacos onde antes sentira dôr e as pernas torpes sem reacção, por cima de mim no andor desafiando a gravidade numa cruz, pregado por estacas que cumpriam os requisitos das estacas que eram, seguia a representação máxima do sofrimento que sentia, convicções, motivos e almas diferentes, sim, mas a dor, essa estava lá toda, numa máscara de olhos largados ao céu, de boca inconformada e sulcos de uma paixão incompreendida.
Sem ti, venha a barca então.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

51

Reduzi a menos de três quartos a lima que tenho no lugar do coração. Deu até agora para pouco mais que uma caipirinha, algo me diz, eu próprio o sei, que devia agora aproveitar esta última porção em algo mais que a espremidela, que o sabor imediato. Estou renitente. O amargo de boca que me deu antes destas revoluções paga agora aromatizando o inócuo, é que a cachaça por si vale nada ou pouco. Embebedo-me à custa do acre, do pobre acre. Perco-lhe o tino e as funções, conduz torpe por caminhos de ninguém, acima de tudo de ninguém, passeio o grau por lábios estéreis que o bebem, sugam ansiando mais que uma casca velha cujo gomo embolorado menos dá que uma réstia distantemente frutada, longinquamente aromático, paupérrimo mesmo nas memórias da árvore de onde foi colhido. Apodreceu por não ter sido usado a tempo, como tudo perecível e eu sem maneira de o conservar.
Um gomo de lima podre no meu peito (olha o que deixaste).

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

I know that diamonds mean money for this art

Vestia uma camisola verde comprida por cima de umas meias azuis e umas botas com um padrão tigre (leopardo, gato maltês, nesse circuito). Perguntou se estava bonita. Disse que parecia uma puta do Intendente. Riu-se satisfeita. Corrigi a minha sentença, acrescentei: das pobres. Pegou na carteirinha barulhenta e bateu com a porta.
Concluo, puta sim, mas das pobres não!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ela

Como é que se faz FFW na vida? Só para passar as músicas das quais não gosto à frente e ir directo para a que me apetece ouvir -ainda pensei num Pause mas não, parar não, parar, não mesmo!
Um Rewind, um que me permitisse tirar o volume das palavras que um qualquer demónio pôr na minha boca naquela noite. Rewind era perfeito. Nem pedia mais nada, talvez a cabana.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Amigos mas não tanto

Quase 3 da manhã e dormir: nada.
O Nuno sacou uma cabeleireira do Miratejo (onde raio é Miratejo?) e respectiva amiga e convidou-me. Agradeci mas recusei que não fiz mal a ninguém. Ou melhor, até já fiz mas não a ponto de merecer uma pena destas.

domingo, 22 de novembro de 2009

Menos um

Almocei com um amigo de longa data. Daqueles que ainda se lembram de mim com um nascer-de-sol no olhar e há já muito que apenas vê uma longa fase de lua nova. Falámos durante horas, já os empregados saíam e apenas o gerente, conhecido do meu amigo, permaneceu connosco de volta de umas Amêndoas. É divorciado pela segunda vez e há seis meses juntou-se com uma húngara. Diz que nunca esteve tão feliz, que ela é maravilhosa em todos os campos e muito serena, que o que o fez arrumar as malas no passado foi precisamente as mulheres guerreiras que faziam questão de ver uma revolta em tudo, para as quais a casa se tornava um campo de batalha e ele um alvo a abater, racionando o sexo e bombardeando a cabeça dos miúdos. Tem precisamente o oposto, uma mulher que o trata como se ele fosse o único homem à face da terra, que não levanta ondas em lagos e que se sente feliz sem contrapartidas de férias, jóias ou vestidos. O mais engraçado, dizia ele, é que ela se comporta como se tivesse tudo mesmo trabalhando numa profissão braçal, andando de transportes e dispensando luxos que ele lhe podia oferecer sustentando sempre que o amor dele lhe é suficiente. Ria-se de sorriso convicto e aberto enquanto nos contava isto, sentíamos que de facto aquele homem estava realizado. Rematou com um "é outra cultura", lá não têm a cabeça tão virada para o ombrear de sexos, a mulher tem prazer em ser mulher sem querer (vou repetir a expressão que usou) ter colhões.
Foi ele que disse.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Soprano

A Clara relincha que nem uma égua com o casco partido. Pior é que nem sequer o ritmo do que geme se coordena com os meus movimentos quando a penetro. Alguém lhe disse que era excitante que gritasse muito. Temo que os meus vizinhos pensem a partir de hoje que me dediquei a rituais de exorcização de espíritos ou que faço parte de uma qualquer seita demoníaca em que uma mulher se altera como se lhe arrancassem as vísceras a sangue-frio. A "convidada" por estar desempregada e não ter horários profissionais ainda não se levantou, nestas alturas penalizo-me por ter deixado a aparelhagem em casa dos meus pais, uns quantos decibéis garantiriam um acordar garantido.


(Tenho de começar a perder o amor a uns quantos euros e passar a proporcionar-lhes os encantos das muitas residenciais e pensões espalhadas pela cidade.)

domingo, 15 de novembro de 2009

Nós fomos assim

(que nem crianças ansiosas pela novidade de um presente, rasgando papel, desprezando laços, ignorando instruções, verificando que, afinal, já possuíramos algo parecido, reparando que o ideal seria qualquer outra coisa, tão inútil, que o tempo urgia noutras infinitas surpresas também elas embrulhadas e possíveis de serem rasgadas, desprezadas, inutilizadas por entre barulhos de falsa gratidão e prazer exagerado, por entre expressões estudadas e palavras costumeiras, realizando beijos e abraços nos intervalos, ocupando o corpo e entretendo o ego, atendendo aos apelos do agora olvidando os próximos, apagando emoções áureas de presentes passados, de alegrias já vividas: desembrulhámo-nos, brincámos e deitámo-nos fora.)

...e nem podíamos ter sido mais.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O ruído do vazio

Pondero por vezes na possível existência de uma qualquer fórmula matemática aplicada a diversas fases da minha vida e em que tipo ladaínha define de forma mais ou menos ritmada os sulcos nos meus lençóis. Assim, há vezes em que me deito acompanhado e acordo só, outras há em que me deito acompanhado e acordo acompanhado e outras em que, como ultimamente, só me deito e só acordo. Nunca acontece, no entanto, a que eu mais desejaria: recolher-me só e acordar acompanhado. Isso significaria, numa equação fácil, um resultado prático de que a chave do meu apartamento estaria nas mãos de alguém a quem eu teria confiado a minha vida. Mas não. Não há a surpresa daquele cheiro habitual no corpo do costume nem os braços enlaçados em voltas que começam cá fora e acabam dentro de mim. De uma tranquilidade que ao mesmo tempo que me envolve me leva a acordar quanto antes para poder usufruir do tanto ali ao lado.
É impossível dormir assim. No silêncio de um coração a bater consigo próprio. É ensurdecedor o barulho que faz, sem compasso, apenas um tum-tum-tum ora ansioso ora desanimado. E ele pode tão mais. É por si só genial a ponto de compor partituras para uma orquestra inteira. Assim tivesse a inspiração comigo a cada noite e eu seria outro homem. Melhor. Aliás, finalmente homem.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Na corda bomba

O meu pai recebe-me sempre com duas palmadinhas nas costas depois de lhe responder que não, não tenho namorada. Sinto esses toques como uma mensagem de apoio, talvez de uma compreensão muda que pretende sublinhar a ideia de que faço bem em seguir só, que não me faz falta uma mulher que tivesse ele a minha idade e sózinho teria continuado também, sem responsabilidades, sem chatices, sem compromisso, mas com sexo. Com mais sexo do que o que a si chega hoje em dia e que, creio, desejaria que mais fosse.
Parecer-lhe-à que é uma permuta justa, que uma lacuna compensa o outro preenchimento. Não para mim, tenho a certeza que está enganado e procuro compensá-lo com duas palmadinhas também como que a responder às suas e a dizer não, pai, acredita que não é assim tão justa a troca.
E entendemo-nos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Despedidas de solteiro

Esta noite talvez tenha bebido muito para lá do que seria normal a um humano (à excepção de um siberiano talvez). Andei por ruas que conheço desde miúdo como se fossem novos trajectos nunca antes vistos, contemplei o céu como se ele não lá estivesse desde sempre e a pensar que das coisas infinitas o homem tem capacidade de muito poucas. Somos afinal tão efémeros, temos um prazo tão curto e mesmo antes de terminarmos vamos já tão podres... acordei com uma dor de cabeça e a reparar que a rua afinal é a que sempre foi, sem estacionamento possível, sem roupa nos estendais ou monovolumes. É uma rua estéril, tem nome de sorrisos mas só proporciona tristezas. E mais uma vez acordei amparado por um tecto seu, não faço ideia quem me trouxe, acho que vim de táxi e não sei do telemóvel. Tenho uma imagem retida na cabeça, o padrinho do noivo a lamber caramelo das mamas da stripper, uma portuguesa a terminar um curso de gestão que ou muito me engano foi para casa com o guloso do grupo. Pode ser que lhe faça um desconto na despedida de solteiro dele que se casa daqui a menos de três meses.
Enfim.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Boquiaberto

Parece mentira... mas é verdade. Anda aí uma descriminação sexual num certo tipo de blogues em que só são aceites comentários femininos. As repressões do indivíduo são uma coisa chata.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ocas

Em espanhol "oca" significa ganso, pato selvagem ou algo que o valha, em português significa vazio, sem recheio. Hoje vi num blogue mulheres a comentarem entre si a satisfação quando percebem que a actual namorada dos seus ex-relacionamentos é feia e dei comigo a pensar que não entendem que há homens que valorizam muito a seu lado uma mulher a sério e não uma aguarela que perde as cores com desmaquilhante e acetona. Deixei o meu comentário e espero que sirva de alerta para que acordem e percebam que apenas entre si próprias valem essas guerrilhas de malas e sapatos ou de cabelos e mamas. A mim interessa-me durante os primeiros cinco minutos. Depois, ou há recheio e bem elaborado e consistente ou então desempatem a fila que este tipo de substância de que são feitas tende a cheirar mal sob o sol abrasador.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sem palavras era melhor

"Después de la tormenta siempre llega la calma pero sé que después de ti no hay nada"- Alejandro Sanz.


Gostava que de todas as vezes que ouço música sem prestar a mínima atenção para o que a letra diz isso se convertesse numa espécie de bónus que me permitisse não entender a mensagem de outras músicas que tenho o azar de ouvir.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Andando a pé

Sms recebido à hora de almoço:

"Foi tão bom que devíamos repetir, beijo."

Se não insistisse nesta minha postura de cavaleiro cortês quase arriscava em responder que não foi de facto nada de especial e que um rabo espetado e uma boca húmida não viram a cabeça a todos os homens. Quer dizer, por uma escassa meia-hora sim, mas há muito mais a conquistar do que um corpo, pelo menos a ponto de o ter uma 2ª vez. Embora haja amigos meus que vão aproveitando a fonte até ela secar eu não sou egoísta nem gosto de empatar o tempo de ninguém, estou mais ao menos equiparado a um desportivo caríssimo a cujo test drive todos acedem. Guiá-lo é fácil, tê-lo é quase impossível. Já as mulheres que tenho conhecido acham que a pintura metalizada que mandaram pôr numa carroçaria sobrevalorizada em relação a um motor fraquinho e pouco capaz arrebata qualquer compra com a justificação de pouca quilometragem e de um alegado uso de uma velhinha que só ia ao mercado, embora haja sempre um desesperado que compra convencido que o calhambeque vai impressionar.
Mas não.

sábado, 19 de setembro de 2009

E?

Tem tatuada no pé uma qualquer frase de um livro que leu e que, segundo diz, é um lema. Trazia cuecas da côr das unhas e sublinhou quantas vezes pôde que liga muito a estes detalhes. Toquei-lhe na nuca e senti a cola enrijecida da aplicação de extensões, parece que só gosta de cabelos compridos e não consegue que os seus cresçam. E os olhos dispersamente maquilhados e concentradamente pesados, grandes pintados e carentes a esforçarem uma forma rasgada de sorriso mas a conseguirem menos que uma insatisfação devoluta e um afastar daquilo que eram os seus desejos iniciais, "bem-vinda ao clube" penso eu, mas sem deixar que isso me desvie a racionalidade em relação à boneca biónica prostrada á minha frente.
Despiu-se em menos de nada e admito que lhe arranquei as cuecas mais por desespero de deixar de ver aquela combinação vermelho-alaranjada de unhas-lingerie aos saltinhos tolos pelo quarto engrenados por uma pernitas curtas disfarçados nuns saltos que propriamente por tesão. Não fosse a persistência da boca mentolada para disfarçar o hálito de um maço de tabaco sempre presente na imagem fotográfica que guardei dela e teria dormido sem sequer considerar a companhia. Felizmente acordei só.
Ontem e hoje duas chamadas anónimas no meu telemóvel que não pude atender. Ou não quis. Prefiro manter a dúvida de quem seria e pensar que é o amor perdido a tentar comunicar comigo, a querer dizer-me "nunca te esqueci, vem para mim o mais rápido que possas que sinto tanto a tua falta" que atender e ser uma nulidade qualquer que me deixe desiludido por não ser ela.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A navegar

Passei uns dias de férias com uns amigos, um deles tem um veleiro e percebi que o cúmulo da qualidade de vida passa por abordar em pleno mar alto um barco de pescadores, comprar três chernes de cerca de 12 kgs cada um e ter em vasto oceano o almoço mais saboroso da minha vida na companhia de pessoas maravilhosas e sem sequer precisar de vir a terra. Questionei-me porque raio de motivo se dá tanto valor a uma casa num sítio fixo, estático, limitado quando a liberdade de andar por aí pode ser tão melhor.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Instantâneo

Um amigo meu descobriu que vai ser pai. Nada mau para quem mal sabe o nome da futura mãe. Mas vão ter o filho, apesar de se conhecerem há mês e meio. Talvez resulte mais que muitos que se conhecem há anos. Vamos ver.
Joy to the world a new born will come.

domingo, 26 de julho de 2009

Como te chamas?

Caio em mim depois de ter estado em ti. Preferia que fosses mais apertada, na verdade estive ali uns minutos a imaginar situações além de estar dentro de ti pois isso por si só não me bastou. Lamento, mas faltava um certo encaixe que não sei muito bem explicar. Achei-te larga, achei-te um pouco alheia, não sei o que pensaste de mim nem me interessa, vim-me em ti e nem sequer contigo. Pouco me interessa se gostaste, se queres mais, se... caguei, estou agora com uma ligeira moínha na cabeça, estou a desidratar, nunca me lembro de beber água, olho para ti e reparo que te trocava de bom grado por um quarto de água, Carvalhelhos de preferência, mas não havendo, neste momento até da torneira bebia, sofregamente como não te desejei a ti.

sábado, 11 de julho de 2009

Mundo de mulheres

Dá-me só vontade de rir, nada mais que rir.
Coloquem um homem aparentemente bem colocado na vida, solteiro e a escrever umas coisas engraçadas. O resultado? Seguidoras e comentários a sugerirem uma empatia fora do normal. Money makes the world keep on going.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Quando o sexo não chega

E depois é assim, o corpo corresponde ao impulso e dá-se e vem-se e faz vir. Mas depois quando chega a altura de olhar fundo nos olhos, quando chega a altura de sorrir com cumplicidade, dar as mãos e deixar que os suores se fundam sem vontade de afastar ou ir tomar um banho rápido, aí, percebo que é difícil o quanto é difícil estar com alguém que não nos preenche de verdade. Mas quantos não estão assim? Nem todos os casais estão juntos por amor profundo e verdadeiro! Não, nem todos. Tenho a certeza. Mas a sentir-se assim como eu me sinto, quase porco, quase nulo, quase homem, deve haver muito poucos. Ou nenhuns. Como é que eu faço para te dizer que não quero mais?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ridículo

Achar-se que é uma aliança no dedo que traz solidez a uma relação. E com a moda dos diamantes serem os melhores amigos das mulheres a brincadeira é para ficar em 600€ cada uma. Pode ficar com o diamante que eu não tenho feitio para estas palhaçadas sociais (e são de compromisso, imagino o que seria as de casamento).

sábado, 25 de abril de 2009

Comportando

As regras de conduta de um homem perante uma mulher podem dizer muito sobre ele mas sobretudo sobre ela, lentamente apercebo-me com alguma facilidade do que ela espera de mim, se gosta que seja um eterno cavalheiro, ou se dispensa completamente esse comportamento. Prefiro as mulheres que não me exijam qualquer tipo de atitude que não esteja disposto a oferecer-lhe. Óptimo que se sintam encantadas por lhes abrir a porta ou aconchegar a cadeira, mas da minha parte é preciso que esteja para aí virado e depende sobretudo de elas levarem-me a querer agradar-lhes, embora constate que, cada vez mais, muitas partem do princípio que os homens devem fazê-lo só e apenas porque elas como mulheres existem e eu não cedo a esse tipo de deíficação, não porque também não espero que me abram as pernas só porque me apetece e existo. Normalmente as que mais insistem nestes frou-frous são as mais convencidas de si mesmas, as que acham que o homem é um sortudo por estar a passar uns momentos na sua companhia e regra geral, essa mesma companhia é uma verdadeira bosta. Falam sobretudo de si próprias do quanto estudaram/viajaram/compraram, vergam-se aos conceitos sociais actuais do que é suposto uma mulher citadina fazer e limitam-se a ser estudos/viagens/compras. Não há nelas uma ponta de interesse que não nelas próprias e no centro gravítico á volta. Acham-se raínhas e senhoras num baile em que dificilmente algum homem quererá entrar pois acabará sempre por dançar com um vestido e não com uma pessoa. Sinceramente, para essas não tenho mesmo paciência nenhuma. Prefiro as que se sentam sózinhas, normalmente são mais definidas nas vontades e não constroem palácios infantis com masmorras impenetráveis mas cheias de coraçõezinhos.
Mas preferindo peixe não quer dizer que não coma carne de vez em quando e lá ando eu a tentar que a personalidade de um não ofenda a do outro. Não sei bem como, mas vai sendo feito.

terça-feira, 14 de abril de 2009

IRS

Ajudei-a a preencher a declaração de irs fiquei aliviado, ganho mais que ela. Não me censurem, nenhum homem gosta de receber menos que a companheira.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O perfume

Cansado do cheiro dela e em profunda vontade que se assemelhasse ao cheiro que me traz tantas saudades, ofereci-lhe o "rush" da Gucci, ficou surpresa com a escolha pois adorou e nunca pensou que eu tivesse jeito para perfumes, colocou-o e o pior cenário confirmou-se: o cheiro do perfume estava lá mas o efeito dele na pele não tem o mesmo efeito, não é tão bom, não me inspira nada. Pelo contrário, até me irrita ter fragmentos do cheiro e depois não estar completo. É uma semelhança falsa que em nada traz benefício ou boas memórias, está distorcida, semi-apagada. A única alegria é a dela que vê naquele frasco de perfume mais que o que ele transporta, uma tentativa vã de perfumar a saudade.
Telefonei há uns dias a quem amo, por três vezes disse "estou?" antes de eu desligar e a sua voz voltou a dar ar a quem já sufocava. Que saudade, que puta de saudade............

terça-feira, 31 de março de 2009

Para mim

Não é difícil deitar-me e ter sexo com uma mulher.
Não é difícil ser carinhoso com ela, dar-lhe a mão.
Não é nada difícil tentar agradar-lhe, surpreendê-la, ser o tal.
Quando há carinho, nada nestas vivências são difíceis.
O difícil é que passem de uma mera facilidade a realidade. Que passem a amor sem dificuldade. Isso sim é difícil. Impossível, parece-me. (Não parece, tenho a certeza.)


Eu ainda acredito e ainda espero por "ela"... quando tenho frio e me aninho nos cobertores é como se me enroscasse nela, mas falo nisto mais tarde. Não posso deixar o meu dia iniciar com tanta saudade, não posso. Não devo. É uma adrenalina que me faz subir e cair em menos de nada. Como se saltasse de telhado em telhado e o pé escorregasse numa telha valendo-se do outro para se apoiar e, naquele segundo de esperança, pensar que mantenho o corpo salvo, mas, a ilusão dura pouco e após bater e rasgar o queixo na telha lascada, o baque desamparado na calçada. Sangue e dôr e a sensação de quase ter conseguido. A sensação de ter voado embora agora esteja lúcido de que as minhas asas queimaram por poderem voar alto demais.

sábado, 28 de março de 2009

Soluções

Estou a reatar com uma namorada do passado com a qual ainda passei uns anos. Não que a amasse loucamente, não amava, mas dávamo-nos bem sem stress e o tempo ia passando. Entretanto houve a ruptura, ficou arrasada já eu, não tanto. Já tinha interiorizado que precisava de viver mais sem estar a caminhar para os longos anos juntos. Agora, não sei o que sinto por ela, acho-a engraçada, consegue aliviar-me o peso dos dias e a duração das noites. Se a amo? Não. Amei duas vezes na minha vida, numa achei que nunca mais na vida quereria voltar a amar, noutra, tive a certeza. Sem a primeira aprendi a viver, sem a segunda aprendi a querer morrer. Penso nela todos os dias, todas as horas, tudo me leva a ela e só a ela. Pergunto-me como está, sem coragem de lho perguntar. Penso que também, não me responderia. Mas cá no fundo desejo que ela pense em mim um décimo do que ainda penso nela. Do quanto vou toda a minha vida continuar a pensar nela (tanto). Escrevo isto e fico sem vontade de me levantar da cama, de aproveitar o dia da melhor maneira que sei desde há um ano e tal: ficar só a recordar. E assim dou de comer à alma já que de beber para esquecer está ela farta e teima em não ceder. E que não ceda nunca lhe rogo. Que permita nunca que a minha querida mulher me saia do pensamento que assim me deixo viver.

Cada vez me irrita mais os bêbados à noite e as senhoras que se transformam em autênticos farrapos depois de duas cervejas. Cansa-me, fico mesmo passado com certos comportamentos, costumo dizer que às vezes só queria ter uma máquina de filmar, para mostrar no dia a seguir.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Falsas?

SMS recebida no telemóvel há uma hora atrás: "Só para mandar um beijinho e saberes que apesar de ter arranjado namorado ainda me lembro de ti." -só para que conste não faço ideia de quem seja a criatura pois não tem nome associado ao número e sinceramente, mesmo que tivesse, tenho 99% de certeza que me ia estar bem lixando quer para o "beijinho" quer para o facto de ainda se lembrar de mim. Há ainda o pequeno detalhe de "apesar de já ter arranjado namorado" isso não constituir qualquer obstáculo na sua tentativa de sedução. Das duas uma, deve pensar que o facto de ter namorado me excita por poder encornar algum desgraçado que nem sonha o que tem ao lado ou está a tentar massajar-me o ego alegando que sou inesquecível. Algumas mulheres são tão idiotas. E logo, mais uma noite de confusão, mais uma noite a trabalhar no meio de rugas disfarçadas, de celulites camufladas e de mamas calibradas, de sorrisos branqueados e cabelos lacados. It's a hard job but someone's got to do it.

domingo, 15 de março de 2009

One night stand

Acordei acompanhado hoje. O nome é Marta, mora longe daqui e dei comigo a chamar-lhe um táxi por não estar com vontade de a levar a casa. Não parou a noite toda de passarelar para mim, dei-lhe o que ela queria, tive o que passei a querer. Em parte nenhuma o serviço de motorista estava incluído. Lamento mas sou assim, uma noite é uma noite e eu às 09:00 da manhã já não esperava que ela ainda estivesse deitada na minha cama. Estava. Levantei-me para não ter que afastar braços envolventes nem cabeças no ombro. Quando acordou disse que estava com fome, respondi que tinha azar pois só iria às compras esta tarde. Eu só pensava "por favor veste-te e desaparece!" Demorou a entender, tive de lhe dar um beijo na testa quando se preparava para me beijar a boca. Aí entendeu. Ficou zangada, não percebi se comigo se com ela. Voltei a deitar-me, mais um dia...detesto os domingos.

quinta-feira, 12 de março de 2009

O jantar de ontem

Ela: camisola roxa com barras pretas, jeans, saltos vertiginosos. Cheiro de verniz recente e perfume a bolsar para fora das mangas a cada passo. Cabelo vindo do secador, maquilhagem presente e risinhos exagerados por tudo e por nada. Jantou como quem não tinha fome bebeu como quem tinha muita sede, cerveja. Rejeitou a sobremesa continuou com sede para ir beber um copo. Anuí, levei-a a um bar calmo. Pôs-me a mão na perna enquanto conduzia para me chamar a atenção de uma estátua numa rotunda. Previsível, sem grandes temas de conversa. Pouco fascinante embora muito convencida. Voz branda mas forçada numa mulher pouco doce e irada com a vida. Muito camuflado, disposta a entrar em guerra por tudo e nada. Disse que estava a lêr uma trilogia muito romântica e que adorava romances. E música que adorava música calma. Olhei duas vezes enquanto pensava se me teria enganado na imagem que fiz à priori. Não estava, passou uma rapariga por nós, quase adolescente que lhe tocou no cotovelo fazendo a desiquilibrar um pouco o copo. Gritou um "Então?!" já de pés em posição de combate e mãos dispostas a agir. Retomou a pose de farsa perante um "desculpe" intimidado.
Já me enviou duas mensagens hoje, uma a dizer "bom dia, a noite de ontem foi espectacular, beijo Rita" e outra a fingir que se tinha enganado e a chamar-me Ana. Não tenciono responder, odiei tudo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Mais uma tentativa

Li num blogue um texto acerca de homens bons e no quanto eles fazem falta...assumi-me como não o sendo, mas em vias de tentar. Cada dia que passa me sinto desgastado por não me conseguir entregar a ninguém, não por não querer, mas por não encontrar. Hoje tenho um "date" com uma mulher que conheci na noite. A insistência foi mais dela que minha, à partida pareceu-me muito longe do que admiro numa mulher mas não vou ser preconceituoso e deixo rolar. Vou simples, não me vou pôr com grandes arranjos nem com grandes tentativas de deslumbramento, vou sair com ela como se saísse com um amigo meu, afinal é quando estou com eles que sou de facto "eu".
A ver o que me reserva.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sabes...

Ainda hoje dou por mim a pensar em ti, a pensar no quanto te amei, no quanto desejei com tanta força que fôssemos um. Ainda hoje me arrepio quando me lembro que tanto amor não podia ser possível, que algo errado aconteceria, pois quando se é tão feliz, parece que o diabo espreita atrás da porta. Minha querida e doce amada perdoa-me não ter sido o homem que merecias, perdoa-me, por favor, não te ter apanhado quando caías, não te ter embalado quando os pesadelos faziam rasteira aos sonhos e os deixavam prostrados num caminho sem volta.
Eu não te abandonei. Apenas fugi de algo para o qual era precisa força mental e não emocional ou física e essa, admito que me faltou. Ou nunca tive. Uma vida presente vivida no passado intenso e no futuro meramente idealizado que nunca será vivido. Mas a verdade é que ainda te amo. Tanto.

domingo, 8 de março de 2009

Para começar

O início é sempre mais complicado, muita coisa a formar, palavras a descobrir, pessoas a desvendar...mas aqui estou eu na tentativa de me render ao mundo da internet e das pessoas que o habitam.