terça-feira, 5 de julho de 2011

De como não funciono

Já passei há muito a fase do encantamento físico. Da mama polposa, da anca lúcida, do rabo tronchudo... já não me fascino com o que pode ser talhado, melhorado, polido. Olhos. Fixo os meus nos teus, com algum desinteresse e vejo como reages. Olhos firmes de testa levantada cativam-me, não na sobranceria, mas no mano-a-mano, sem máscaras. Olhos melosos, caídos no cativante submisso, prostitutozinhos, desesperam-me, a ponto de, houvesse um funcionalismo directo de percepção-consequência, me socarem com uma força tal que me atiraria borda fora do planeta.

Mulheres, gosto de mulheres, não de mulherzinhas.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Look on the (b)right side

Não sei de cor nenhuma citação romantica, nenhum poema (nem mesmo uma estrofe) e peco por cada vez que debato de mim para comigo quando podia partilhar emoções. Não serei o companheiro perfeito, quando pretendo marcar uma posição limito-me a oferecer flores. Sou áspero. Rude. Estou a milhas de ti em tudo. Sem que nunca me tivesse importado perante o hiato existente face à tua delicadeza, discorrer adequado, sorriso cúmplice. O cordeiro voluntariamente sacrificado às mãos da sacerdotiza, rendido e feliz. Não vejo melhor parceria. Eu em virtude de ti.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mas a tua mão, a tua mão ainda a trago comigo

Sempre transportaste a tua mão ao meu rosto quando me beijavas. E eu, ficava ali, suspenso no tempo e no espaço, tomado por uma mão, por uma boca. Eu sei o que é desejo, do puro, selvagem, do feroz. Eu sei o que é a necessidade de depósito, de entrega, de instinto primário. E por muito que nós fôssemos tudo isso, nos momentos em que o início de ti, os teus vários inícios, lábios, dedos, pele, se aproximavam dos meus, língua, rosto, pêlos, eu ia muito além da fusão, ia para lá do palpável, do material. Era realização pura de mim. E não sei ir mais além, nunca mais o voltei a sentir, sei o quanto é, sei como é, mas sem grandes capacidades para explicar o que foi.

(se soubesses o quanto morro, várias vezes morro, quando me apercebo das conjugações verbais, que aplicadas a nós são sempre num pretérito.)

domingo, 26 de junho de 2011

As paredes caem mais depressa que se erguem

A S. é pequenina e nota-se que lhe pesa o facto. Declara assiduamente que é "maneirinha" e que isso é muito bom enquanto transfigura o olhar para que note que está a ser libidinosa. Notei. Não aprecio a brejeirice mas compenso com um olhar compinchinha que a deixa mais segura. Revela que a maternidade lhe trouxe tudo de bom, que não se nota nada que foi mãe, que já devia ter sido há mais tempo. Não é totalmente verdade que não se note mas sempre ouvi dizer que água benta e presunção cada um toma a que quer. E adiciona-lhe sangria. Muita. Pergunto-me se não estará ainda a amamentar mas remeto-me ao silêncio. Faltará pouco para ser bombardeado com os motivos do pai ausente desde os 6 meses da filha de ambos. Está claramente ferida e numa primeira observação concluo que terá sido traída. É fácil, excesso de confiança, repetição de frases de auto-motivação alternadas com perspectivas masculinas miserabilistas são típicos de traição.
Reduzo o encontro a meio. Não pretendo ser mais uma história contada às amigas num contexto "tenho tanto azar".
Informa-me que está sozinha, a filha nos avós, quando a deixo em casa mas não me curvo sequer para a cumprimentar quando sai do carro. Mantenho as mãos sobre o volante, o braço direito entre mim e ela faz uma espécie de barreira que subentende não poder ultrapassar. Amanhã falará de mim como sendo quase de certeza gay e prefiro assim. Deixo-a sair por cima e feliz por não lhe dar a perceber que tem um longo caminho pela frente. De reconstrução.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Estou a render-me ao FB

E a criar um perfil para este blogue, não sabendo no entanto como proceder agora à identificação que criei, se algum dos leitores fôr barra nestas lides, agradeço.

terça-feira, 1 de março de 2011

Com o meu braço como almofada

Sei que te dói. Por me doer também. Tu não sabes mas sinto-te em mim. Ainda ontem, não tenho forma de garantir as horas, isso não tenho, mas sei que estiveste mal, tão mal que todo eu me condoía por sequer respirar sabendo que tu nesse momento cederias o lugar da tranquilidade à dor da vida. Da vida em que te deitas numa cama que não fizeste. As camas podem ser duras e frias, sou o primeiro a admiti-lo, que provo diariamente uma rocha irregular onde se afina o vento e se lançam as ondas. Habituei-me a dormir assim desde que te perdi. E nota, tenho de dormir por ser nos meus sonhos o único lugar onde nos encontramos plenamente, não fosse esse detalhe e até ao descanso teria renunciado. Descansar para quê, viver para quê, sem ti...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O valor da esmola conforme o mendigo

"Não tenho sempre clareza nas apreciações que faço quando me apaixono." Disse-lhe isto e ela sorriu perdoando-me uma indelicadeza que tentei camuflar com uma frase que, se gastasse um minuto a entendê-la, perceberia que tem buracos face às minhas constantes falhas para consigo. Tenho pena de as mulheres (na maioria) aceitarem o que se lhes diz desde que pareça bem independentemente de ser mentira ou de acompanhar atitudes pouco conformes com as palavras. Pena. Admiro as poucas que se mantêm exigentes e não se deixam toldar por floreados emocionais ou discursos de posse e ego. Gostava que ela em vez de ter dito "oh, a sério, que querido" tivesse dito "vai-te lixar que comigo não brincas, não te admito". Esforçava-me mais e quereria mais dela, assim, qualquer palmadinha nas costas chega. Estou a pensar como no próximo fim-de-semana vou transmitir isto à minha filha.