domingo, 22 de novembro de 2009

Menos um

Almocei com um amigo de longa data. Daqueles que ainda se lembram de mim com um nascer-de-sol no olhar e há já muito que apenas vê uma longa fase de lua nova. Falámos durante horas, já os empregados saíam e apenas o gerente, conhecido do meu amigo, permaneceu connosco de volta de umas Amêndoas. É divorciado pela segunda vez e há seis meses juntou-se com uma húngara. Diz que nunca esteve tão feliz, que ela é maravilhosa em todos os campos e muito serena, que o que o fez arrumar as malas no passado foi precisamente as mulheres guerreiras que faziam questão de ver uma revolta em tudo, para as quais a casa se tornava um campo de batalha e ele um alvo a abater, racionando o sexo e bombardeando a cabeça dos miúdos. Tem precisamente o oposto, uma mulher que o trata como se ele fosse o único homem à face da terra, que não levanta ondas em lagos e que se sente feliz sem contrapartidas de férias, jóias ou vestidos. O mais engraçado, dizia ele, é que ela se comporta como se tivesse tudo mesmo trabalhando numa profissão braçal, andando de transportes e dispensando luxos que ele lhe podia oferecer sustentando sempre que o amor dele lhe é suficiente. Ria-se de sorriso convicto e aberto enquanto nos contava isto, sentíamos que de facto aquele homem estava realizado. Rematou com um "é outra cultura", lá não têm a cabeça tão virada para o ombrear de sexos, a mulher tem prazer em ser mulher sem querer (vou repetir a expressão que usou) ter colhões.
Foi ele que disse.

7 comentários:

jacklyn disse...

E depois há quem abdique dos vestidos e das viagens e do resto das futilidades porque sente que lhe falta o respeito. Mesmo o amor sendo apregoado aos quatro ventos, o que se faz quando não se sente que ele exista, porque não se demonstra respeito. É isto ter os ditos de que fala o seu amigo? Penso que não.

Eli disse...

E o que é que tu achas? Relataste mas não opinaste!

Claudia disse...

Pois, este é o tipo de mulheres que os machos portugueses adoram: submissa, meiguinha, que os trate como reis e senhores...
e que eles nem tenham trabalho de retribuir porque afinal elas sentem-se muito felizes a andar com uns trapinhos quaisquer, de transportes públicos e aposto que agarradas ao fogão e de balde e esfregona na outra.
acho que sim, casem-se todos com estas mulheres do século passado porque nós, as portuguesas, felizmente somos feitas de outro material.

Marylin disse...

Darling bitches they come they go, real women don't stay too long.

Malena disse...

E que tal uma boneca insuflável para a cama e um robot para limpar a casa? Sempre ficava ainda mais barato porque não comem nem precisam de transporte! Esse senhor deve ter visto o filme "The Stepford wives" e entendeu a mensagem toda ao contrário!

Anónimo disse...

Confesso que gosto muito daquele esquema tratar da casa-dedicação ao companheiro, gosto de fazê-lo. Dá-me prazer e não me vejo escrava de ninguém, bem pelo contrário... compensada com doses de paixão. Chega-me.
Depois, há todo um conjunto de variantes que levam com que seja igual a todas as outras... talvez pq refile muito.






=))

Provocação 'aka' Menina Ção disse...

Também sou fã de cuidar da casa e do meu homem. Isso não é escravatura, é o verdadeiro poder.