terça-feira, 28 de junho de 2011

Mas a tua mão, a tua mão ainda a trago comigo

Sempre transportaste a tua mão ao meu rosto quando me beijavas. E eu, ficava ali, suspenso no tempo e no espaço, tomado por uma mão, por uma boca. Eu sei o que é desejo, do puro, selvagem, do feroz. Eu sei o que é a necessidade de depósito, de entrega, de instinto primário. E por muito que nós fôssemos tudo isso, nos momentos em que o início de ti, os teus vários inícios, lábios, dedos, pele, se aproximavam dos meus, língua, rosto, pêlos, eu ia muito além da fusão, ia para lá do palpável, do material. Era realização pura de mim. E não sei ir mais além, nunca mais o voltei a sentir, sei o quanto é, sei como é, mas sem grandes capacidades para explicar o que foi.

(se soubesses o quanto morro, várias vezes morro, quando me apercebo das conjugações verbais, que aplicadas a nós são sempre num pretérito.)

2 comentários:

Anónimo disse...

Que texto lindíssimo (:

CoisasDaGaja disse...

Depois de uns dias desligada do mundo virtual regresso e eis que encontro 3 textos teus por ler! Um record portanto. Tenho pena que não escrevas mais, mas como tudo na vida, é melhor ficar com vontade de mais ao invés de enjoar com o exagero.

De todas as formas aprecio as tuas palavras. Identifico-me com elas. E com este texto ainda mais. Por isso, vou levá-lo para a minha tasca. Com os devidos créditos.